O que é geoprocessamento?

Certamente você que é da área ambiental ou que tenha alguma afinidade com ferramentas de elaboração de mapas já deve ter se perguntado o que é geoprocessamento. Mesmo profissionais experientes na área as vezes possuem uma certa dúvida para este termo.

Antes de responder esta pergunta é extremamente importante saber qual foi o contexto histórico que permitiu o surgimento do geoprocessamento.

Sabemos que o avanço tecnológico pela qual a sociedade tem passado nas últimas décadas tem causado uma grande transformação na forma como são elaborados os mapas e as análises espaciais.  

Atualmente, é possível saber com certa precisão, por meio de imagens de satélites e técnicas de geoprocessamento, quantas hectares um produtor rural desmatou no interior da Amazônia no mês passado ou o tamanho da colheita de um determinado grão de uma propriedade localizada em São Paulo.  É possível saber com grande precisão o tamanho do imóvel rural que você comprou, a extensão de um rio, o volume de água disponível em um açude ou a quantidade de soja que será colhida em uma determinada área. Todas estas ações podem ser estudadas, medidas e analisadas por meio de técnicas de geoprocessamento.

Geoprocessamento pode ser considerado um conjunto de ferramentas responsáveis por fornecer informações precisas e atualizadas, permitir a manipulação eficiente de dados geoespaciais e conduzir o profissional à tomada de decisão.

As ferramentas utilizadas pelo geoprocessamento envolvem softwares e hardwares, tendo como exemplo os programas de análise espacial, equipamentos de coleta de dados em campo e satélite de observação da terra. Na imagem abaixo é possível visualizar os processos característicos da área de geoprocessamento: coleta, armazenamento, tratamento e análise de dados e uso de softwares.

Adaptado/Prof. Fábio Marcelo.

Pois bem. Já que você sabe o conceito de geoprocessamento, que tal saber quais os conhecimentos principais que precisa adquirir para trabalhar na área. Para ser um bom profissional na área de geoprocessamento você certamente terá que conhecer um ou mais softwares SIG, saber o que é uma imagem de satélite e suas características, saber o básico sobre sistemas de coordenadas, escalas, design de mapas, e como adquirir os dados necessários para iniciar um projeto na área.

Existem uma grande quantidade de SIGs para trabalhar na área de geoprocessamento, os principais são: QGIS, ArcGIS, Spring, GvSIG, Software R, entre outros. Atualmente o software mais utilizado pela comunidade de geotecnologias no Brasil é o QGIS, embora as empresas privadas ainda prefiram trabalhar com o software ArcGIS.

Você também precisa conhecer o básico da área de Sensoriamento Remoto, como: a resolução espacial, espectral, radiométrica e temporal de uma imagem, sites onde baixar estas imagens e técnicas de composição de imagens. A noção destes conceitos é primordial para qualquer um que deseja iniciar a sua carreira na área de geoprocessamento.

Aproveitando que estamos falando em imagens de satélites, elaboramos uma lista contendo 6 sites para baixar imagens de satélites gratuitas.

Saber adquirir coordenadas em campo por meio de um receptor de sinal GPS também é importante.  O GPS (Sistema de Posicionamento por Satélites) permite adquirir coordenadas geográficas ou planas, medir distâncias e calcular área de maneira fácil e sem complicação. Também existem receptores que geram coordenadas de localização através dos sistemas GALILEO (sistema europeu de localização), GLONASS (sistema russo) e COMPASS (sistema de localização chinês).

O uso do geoprocessamento e das geotecnologias para a tomada de decisões

Diante do processo de uso dos recursos naturais, da transformação do meio ambiente e de sua modificação por meio da ação do homem ao longo dos anos, foram criados diferentes meios e ferramentas tecnológicas e institucionais que pudessem melhorar e racionalizar o processo de uso dos recursos naturais e acompanhamentos das mudanças de uso e ocupação da Terra ao longo dos anos.

A partir da criação de leis, decretos e tecnologias de vigilância as práticas de uso e exploração da natureza passaram a ser registradas e medidas com maior confiabilidade. É neste cenário que entra as geotecnologias.

Uma das tecnologias que atendem a questão ambiental, por exemplo, diz respeito ao uso de produtos de Sensoriamento Remoto, ou seja, imagens de satélites tais como o LANDSAT e o CBERS para o acompanhamento e monitoramento do desmatamento e da degradação ambiental.

Estes avanços só foram possíveis com o desenvolvimento das chamadas Geotecnologias, que são um conjunto de soluções compostas por hardware, software e pessoal técnico qualificado, que juntos podem tomar decisões mais assertivas sobre políticas de preservação e monitoramento ambiental, mapeamento urbano, entre outros.

Dentre as geotecnologias é possível destacar: Sistemas de Informações Geográficas (SIG), Cartografia Digital, Sensoriamento Remoto, Sistema de Posicionamento Global (GPS), Topografia, Drones, entre outros.

Essas tecnologias, quando aliada as técnicas de processamento de informações georreferenciadas da superfície terrestre, ou seja, o geoprocessamento, contribuem de forma decisiva para o planejamento ambiental e urbano, destacando o combate ao desmatamento, a cadastro urbano para fins de gestão urbano, cadastros ambientais, etc.

Também existem técnicas capazes de simular modelos de predição de impactos ambientais conforme as condições do ambiente que ajudam a determinar áreas suscetíveis ao desmatamento, ao fogo, a desertificação ou a deslizamentos de terras. Tudo isso, pode ser estudado, mapeado e monitorado com o uso de geotecnologias.

Na Amazônia, por exemplo, as geotecnologias têm desempenhado um papel de extrema importância, ao contribuir para a identificação de áreas desmatadas, propiciando aos órgãos ambientais, tais como IBAMA, ICMBio e órgãos estaduais de Meio Ambiente a promover ações de punição aos infratores e de combate ao desmatamento ilegal.

Além do desmatamento, as geotecnologias são extremamente importantes para a gestão do vasto território brasileiro, que é composto por diferentes biomas e especificidades regionais de ordem ambiental, econômica e social. 

Consultas

SILVA, Jorge Xavier da; ZAIDAN, Ricardo Tavares. Geoprocessamento & meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. 328 p.

FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo – Oficina de Textos, 2010.

http://www.dpi.inpe.br/

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