A campanha de raiva contra a China

Hong Kong, ex-colônia britânica. Atualmente é um território autônomo devolvido para a China em ‎30 de junho de 1997.

Segundo alguns historiadores não deveria ser um segredo, embora ainda pareça ser, que nenhuma das duas guerras mundiais foi iniciada (ou desejada) pela Alemanha, mas foi a criação de um grupo de judeus sionistas europeus (o sionismo foi um movimento político que defendia o direito a autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado nacional judaico) com a intenção de destruição da Alemanha. No entanto, essa tese não é o propósito deste ensaio e não vou expandi-la aqui, mas o conteúdo deve provar ao leitor comum que a Primeira Guerra Mundial certamente se encaixa nessa descrição.

O principal objetivo deste artigo é demonstrar que a história se repete. É visto que o mundo está em uma preparação para uma possível Terceira Guerra Mundial.

Em 1940, esses sionistas europeus e proprietários da mídia (escondidos atrás do cenário do governo do Reino Unido) iniciaram o que chamaram de “campanha de raiva” com a causa declarada de “incutir ódio pessoal contra o povo alemão e a Alemanha”. As partes relacionadas estavam satisfeitas porque os 6% originais da população britânica que ‘odiava a Alemanha’ aumentaram para mais de 50% no final da campanha, e não parou por aí. As ondas de rádio estavam cheias de descrições sobre a crueldade alemã. [1] Havia artigos nos jornais britânicos defendendo o “extermínio sistemático de toda a nação alemã” a ser realizado após o fim da guerra. Assim, após a vitória sobre a Alemanha, cada pessoa de ascendência alemã seria executada e a própria nação da Alemanha desapareceria para sempre.

Não foram apenas os EUA e o Reino Unido onde esse ódio aos alemães estava sendo propagado. Em países de todo o mundo, a mídia espalhou a mesma mensagem de ódio contra a Alemanha e os alemães. Equipes de “especialistas” seguiam o mesmo roteiro na maioria das outras nações, todas instilando um ódio maciço pelos alemães, que em todas as nações eram veementemente retratados como a encarnação do mal, natureza esta decorrente apenas do fato de serem de origem alemã. No Brasil, houve manifestações de hostilidade aos alemães, tendo casos de destruição de empresas, agressões e até a proibição dos alemães de falarem seu próprio idioma em território nacional.

As origens da manipulação da população

Muitos anos atrás, o comentarista político judeu-americano Walter Lippmann percebeu que a ideologia política poderia ser completamente fabricada, usando a mídia para controlar tanto a apresentação quanto a conceitualização, não apenas para criar falsas crenças profundamente arraigadas em uma população, mas também para apagar totalmente as indesejáveis ideias políticas da mente do público. É possível citar como exemplo a desconstrução da imagem do ex-presidente Lula e a intensa campanha de ódio por todos aqueles que pertencem a uma opinião política de esquerda no Brasil.

A propagação de uma ideologia política foi o início não apenas da histeria americana por liberdade, democracia e patriotismo, mas de toda opinião política fabricada, um processo que tem estado em operação desde então.

Lippmann criou essas teorias de persuasão em massa do público, usando “fatos” totalmente fabricados, profundamente insinuados nas mentes de um público crédulo, mas há muito mais nessa história. Um judeu austríaco chamado Edward Louis Bernays, sobrinho de Sigmund Freud, foi um dos alunos mais precoces de Lippmann e foi ele quem colocou as teorias de Lippmann em prática. Bernays é amplamente conhecido na América como o pai das Relações Públicas, mas ele seria descrito com muito mais precisão como o pai do marketing de guerra americano, bem como o pai da manipulação em massa da mente pública.

Bernays afirmou que “se entendermos o mecanismo e os motivos da mente de grupo”, será possível “controlar e arregimentar as massas de acordo com nossa vontade sem que elas saibam disso”. Ele chamou essa técnica científica de formação de opinião de “engenharia do consentimento” e, para alcançá-la, fundiu as teorias da psicologia da multidão com as ideias psicanalíticas de seu tio Sigmund Freud. [2] [3]

Bernays considerava a sociedade irracional e perigosa, com um “instinto de rebanho”, e que se o sistema eleitoral multipartidário (que as evidências indicam foi criado por um grupo de elites europeias como mecanismo de controle populacional) sobreviveria e continuaria a servir a esses elites, a manipulação massiva da mente pública era necessária. Essas elites, “pessoas invisíveis”, teriam, por meio de sua influência no governo e no controle da mídia, o monopólio do poder de moldar pensamentos, valores e respostas dos cidadãos.

Sua convicção era que este grupo deveria inundar o público com desinformação e propaganda carregada de emoção para “engendrar” a aquiescência das massas e, assim, governá-las. Segundo Bernays, esse consentimento manufaturado das massas, criando conformidade de opinião moldada pela ferramenta da falsa propaganda, seria vital para a sobrevivência da “democracia.

Em seu trabalho principal intitulado ‘Propaganda’, [4] que escreveu em 1928, Bernays argumentou que a manipulação da opinião pública era uma parte necessária da democracia porque os indivíduos eram inerentemente perigosos (para o controle e saque das elites), mas podiam ser aproveitados e canalizados por essas mesmas elites para seu benefício econômico. Ele claramente acreditava que o controle virtualmente total de uma população era possível, e talvez fácil de realizar.

Até a Primeira Guerra Mundial, essas teorias de criar uma opinião pública inteiramente falsa com base na desinformação e, em seguida, manipulá-la para o controle da população, ainda eram apenas teorias, mas o espantoso sucesso da propaganda de Bernays e seu grupo durante a guerra revelou as possibilidades de controle perpetuo da mente do público em todos os assuntos.

A história está se repetindo em 2020

Estamos no mesmo lugar hoje, com as mesmas pessoas conduzindo a mesma “campanha de raiva” contra a China em preparação para a Terceira Guerra Mundial. É necessário apontar a necessidade de uma ‘campanha de raiva’ em oposição a uma ‘campanha de ódio’. Não somos movidos a agir por causa do ódio, mas da raiva. Posso desprezá-lo completamente, mas isso por si só não fará nada. Só se eu ficar com raiva é que quero acabar com você. E isso, como Lippman e Bernays notaram tão claramente, requer propaganda de atrocidade carregada de emoção, do tipo usado tão bem contra a Alemanha e que é tão bem usado contra a China hoje. Visto que precisamos de propaganda de atrocidade para começar uma guerra, parece não haver falta.

Você já deve ter notado e ouvindo em algum meio de comunicação que há uma série de acusações contra a China de violações dos direitos humanos contra o povo uigur, de construir bases militares no mar do sul da China, de roubar patentes de outros países, praticar dumping cambial (que é considerada uma prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços baixos), acusação de práticas de espionagem por meio da tecnologia 5G e mais recentemente a acusação de ter fabricado o COVID-19 em laboratório.

E, claro, temos um número quase ilimitado de provocações sérias, de Hong Kong, Tibete, Xinjiang, Taiwan, mares do Sul da China, a consulados chineses, repórteres da mídia, estudantes, pesquisadores, restrições de visto, espionagem, Huawei, a guerra comercial, tudo feito na esperança de fazer os líderes chineses entrarem em pânico e reagirem exageradamente, a maneira mais fácil de justificar uma nova guerra.

Camisetas e bonés “Boicote a China” estão inundando a Índia, a Huawei está sendo cada vez mais banida dos países ocidentais, APPs de mídia social chinesa como o Tik-Tok estão sendo banidos e milhares de pessoas estão criticando os chineses afirmando que são “Comedores de morcegos, vendedores de animais, criadores de vírus, bastardos e gananciosos ”.

Essa segmentação deliberada e sistemática contra a China e os chineses resultou em um aumento de 700% nos crimes de ódio contra chineses, e o Canadá não é de forma alguma o único país que experimenta esse fenômeno. Não é melhor nos EUA, Reino Unido, Austrália e grande parte da Europa. Parece que as leis contra o discurso de ódio são apenas para o benefício dos judeus, certamente não para os chineses. Lippmann e Bernays ficariam orgulhosos.

Referências consultadas

[1] http://www.bbc.com/culture/story/20161021-the-psychological-tricks-used-to-help-win-world-war-two

[2] https://www.amazon.com/Engineering-Consent-Edward-L-Bernays/dp/B0007DOM5E

[3] http://classes.dma.ucla.edu/Fall07/28/Engineering_of_consent.pdf

[4] https://www.amazon.com/Propaganda-Edward-Bernays/dp/0970312598

Acesse o artigo original em: https://www.unz.com/lromanoff/the-anger-campaign-against-china/

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