Introdução
A expansão da soja é uma realidade em todo mundo. No Brasil já é o produto mais produzido em vários estados, afetando a economia e o meio ambiente. Nesse texto analisamos as perspectivas do surgimento e do crescimento da produção de soja no Brasil.
Surgimento da soja
A soja é considerada uma espécie originária da China, tendo relatos de que seu surgimento como planta domesticada ocorreu por volta do século XI a.C. Com o passar dos tempos foi disseminada para outros continentes, se tornando uma commoditie essencial para a economia de muitos países.
Atualmente a soja plantada possui características muito diferentes se comparada as que os antigos agricultores cultivavam, pois, era uma espécie de planta rasteira semeada no leste da Ásia, mais especificamente as margens do rio Yangtse na China. O seu aparecimento se deu através do cruzamento de dois tipos de sojas que ao longo do tempo foram aperfeiçoadas por profissionais da área na antiga China.
O primeiro indício do surgimento da soja está publicado no livro “Pen-Tsao Kong Mu”, sendo escrito na China para ser entregue ao Imperador Sheng-Nung. Escrito por volta do século XV, este livro é considerado um dos primeiros a tratar sobre os valores medicinais de diversas ervas encontradas nesse período.

A produção de soja ficou restrito ao território chines até por volta do século XIX. Apenas no início do século XX, começa a se ter, um certo interesse ao teor de óleo e proteína do grão. Houve tentativas do comércio de cultivo da soja em países com a Rússia, Inglaterra e Alemanha, porém as condições climáticas não eram favoráveis.
A produção de soja no Brasil
No Brasil, há relatos do cultivo da leguminosa desde 1908, com plantações feitas por imigrantes japoneses que procuravam manter a cultura da sua terra natal. Também há indicações de que o cultivo mais antigo de soja no Brasil ocorreu na Bahia, em 1891, por influência de Gustavo Dutra.
O principal impulso dado à soja no Brasil ocorreu na década de 60, quando, partindo-se da lavou colonial, plantou-se trigo e soja no Rio Grande do Sul. A política governamental de expansão da cultura do trigo para minimizar a dependência da importação do produto resultou em incremento na área da produção da soja, utilizada para a rotatividade do campo [1] Além disso, houve uma série de programas de melhoramento genético e experimentação agrícola nessa região do país.
A produção de soja na década de 1970
Em meados de 1970 é estimulado no Brasil os valores agrícolas, além da exaltação de suas vantagens competitivas na produção de soja comparado a outros países produtores.
Nesse período, passou-se a investir em tecnologias para adaptação da soja às condições do país, processo feito com a criação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em 26 de abril de 1973.

O grande investimento no ramo da pesquisa, permitiu que a soja fosse cultivada pela primeira vez com êxito em regiões de baixa latitudes, mais especificamente entre o trópico de capricórnio e a linha do equador.
A soja após da década de 1980
As pesquisas feitas pelos cientistas brasileiros revolucionaram o modo de cultivo da soja e seu resultado começou a ser observado pelo mercado mundial partir do final da década de 80.
É na década de 1980 que o cultivo da soja ganha o Cerrado graças ao desenvolvimento de cultivares adaptadas para esse bioma.
Atualmente o estado do Mato Grosso é campeão na produção de soja no Brasil [2] O município de Sorriso com aproximadamente 92 mil habitantes, a 420 quilômetros ao norte da Capital Cuiabá, é o maior município produtor do grão no país ao lado do município de Jataí (GO).
O principal produto agrícola brasileiro é a soja. A evolução dos métodos de cultivo, investimento em máquinas aliado à tecnologia ocasionaram um aumento significativo da produção. Ocupada em locais de grande biodiversidade, boa parte da produção do grão ou ocasionam desmatamentos ou ocupação de áreas previamente desmatadas por pecuaristas.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) a produção brasileira de grãos na safra 2021/22 está estimada em 271,2 milhões de toneladas, um acréscimo de quase 14,5 milhões de toneladas, quando comparada ao ciclo anterior. Isso coloca o Brasil como o maior produtor de soja do planeta. Entre os estados, destaca-se Mato grosso, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Problemas do cultivo da soja
A produção de soja é responsável pela geração de uma série de problemas ambientais. destaca-se que antes da produção da soja ocorre a preparação da terra, onde primeiramente a floresta é derrubada para dar lugar a agropecuária.
Após o uso, o solo fica desgastado e o rebanho é transportado para outro local, e assim ocorre a substituição pela soja. A consequência, direta ou indiretamente é a perda de biodiversidade e o desequilíbrio ambiental.
Além da questão do desmatamento, outro fator que preocupa é o uso de agrotóxicos nas plantações, que além de causarem danos ao meio ambiente, dificultando a recuperação do solo, podem causar problemas futuros se ingerido em grandes quantidades.
Contudo, as lavouras oferecem benefícios econômicos que não podem ser deixados de lado, onde seu lado negativo surge em um contexto de desmatamento e desaparecimento da vegetação nativa, acarretando a perda de habitats naturais de várias espécies.
A expansão da soja no Cerrado
É possível afirmar que o cerrado brasileiro, por sua localização e características ecológicas próprias, possui uma grande importância para toda a sociedade brasileira e para as práticas de agricultura que ocorrem em seu entorno.
O cerrado possui um efeito “caixa d’água”, sendo um grande mantenedor de grandes reservatórios hídricos existentes no país. É importante lembrar que este bioma possui uma grande quantidade de áreas aptas para a prática de plantio de soja, principalmente devido as características favoráveis de solo e clima [3]
De acordo com um relatório desenvolvimento pela Agrosatélite (2015) nas safras de 2013/2014 o bioma do Cerrado foi responsável por 51,9% da área de soja cultivada no Brasil. Nos últimos anos a soja tem sido utilizada para uma série de aplicações no campo da alimentação humana, alimentação animal, uso industrial e mais recentemente como matéria prima para a produção de biodiesel.
A soja tem se tornado uma das principais matéria-prima para a produção de biodiesel devido a sua disponibilidade, grande demanda no mercado nacional e a necessidade de produção de combustíveis sustentáveis do ponto de vista ambiental. Com isso, a crescente importância da soja para a produção de biodiesel requer que sejam elaborados trabalhos que busquem analisar a sua distribuição em um dos principais biomas do país, o cerrado.
Nos últimos dez anos, a expansão da agricultura ocorreu essencialmente sobre as áreas já antropizadas, onde o bioma do Cerrado possui ao menos 33,4 milhões de hectares antropizadas aptas para serem convertidas em áreas produtoras de grãos [1]
De acordo com dados produzidos pela empresa Agrosatélite Geotecnologias Aplicada, entre 2000 e 2014 a área agricultável no Cerrado expandiu cerca de 87%. É importante saliente que esta expansão ocorreu majoritariamente em áreas já antropizadas. O principal motivo para este aumento foi a expansão do cultivo de soja. O cultivo de soja também expandiu para novas áreas da região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, denominadas pelos pesquisadores como Matopiba.
Embora o estado de Mato Grosso ainda concentre a maior parte da produção de soja no país, é preciso salientar que nos últimos anos houve um aumento significativo da participação dos estados que compõem da região denominada Matopiba. O país ainda possui uma grande quantidade de terras agricultáveis e, por conseguinte, um potencial de produção ainda maior de soja.
Referências consultadas
[1] https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/bjir/article/view/8803/6136
[3] [FILHO, Arnaldo Carneiro; COSTA, Karine. A expansão da soja no Cerrado. Caminhos para a ocupação territorial, uso do solo e produção sustentável. São Paulo, Agroicone, p. p1-30, 2016.