Introdução
Primeiramente, este texto se propõe a realizar uma discussão sobre o capitulo 2 do livro intitulado Ratzel, organizado em 1990 pelo geógrafo Antônio Carlos Robert Moraes pela editora Ática, a cerca da influência da natureza sobre o homem.
O texto não esgota o assunto em questão, devendo ser aprofundado com a leitura completa do livro indicado.
David Hume e o Método Indutivo
A discussão sobre a influencia das características físico/ambientais sobre as atitudes e ações do homem é por vezes superficial e pouco consistente do ponto de vista científico.
O grau de complexidade que se apresenta nestas discussões pode tornar difíceis qualquer análise, mesmo aquelas com um certo grau de profundidade. Isso contribui para entender que o organizador do texto não pretende expor um levantamento completo sobre a influência da natureza sobre o homem, mais sim de compreender em que direção estas influencias se movem.
O autor faz uma menção a tentativa do filósofo escocês David Hume de explicar a influência das causas naturais no caráter nacional, onde utiliza o método indutivo para as suas análises, mesmo que em caráter superficial.
Destaca-se que será David Hume quem irá perguntar se é possível conhecimento indutivo de fatos, pois, segundo entende, a indução não pode ser logicamente justificada, já que é um método que não tem como dar conta de todos os fatos possíveis [1]
Como podemos ter certeza de que todas as vezes que se verifica um empiricamente algo, este algo vai se repetir? Por exemplo, como podemos ter certeza de que todas as vezes que jogarmos uma pedra para cima ela irá cair? Enfim, as proposições de Hume acerca das influências de certas características físicas sobre as sociedades foram refutadas uma a uma no texto.
Assim, é possível citar como exemplo o fato de que alguns fatos confirmam uma certa teoria não quer dizer que todos os fatos passaram a confirma-la. Um exemplo são as consultas médicas. Um médico geralmente usa a sua experiência de casos anteriores para diagnosticar um novo caso. O que me garante que aquele médico estará certo em todos os seus diagnósticos?
Formas de influência da natureza sobre o homem
Há que apontar as quatro formas de influência da natureza sobre o homem. A primeira diz respeito a uma mudança no corpo que produz modificações de natureza psicológica e fisiológica.
A segunda trata de uma influência que dificulta a expansão das massas étnicas. Isso quer dizer que o tipo de ambiente poderá determinar a direção para a qual um determinado povo poderá se expandir.
A terceira diz respeito a determinadas características que impõem certas condições geográficas que podem favorecer o isolamento e a conservação de características específicas de um povo. Isso contribui para entender que as características ambientais se fazem presentes, por exemplo, na forma como os povos se expandem ou se localizam no globo.
A quarta influência diz respeito a influência que a constituição social de capa povo pode exercer para uma maior ou menor disponibilidade de riqueza, para o comercio e para a manutenção dos meios de troca. Isso quer dizer, que estas características podem determinar se um povo possui maior ou menor capacidade de obter meios necessários à manutenção da vida.
As três últimas influências demonstram a importância da ciência geográfica para a análise das relações existentes entre o homem e a natureza.
É visto que há uma tentativa de entender como as atividades humanas contribuíram para modificar o espaço natural em espaço transformado.
O espaço transformado é resultado das relações que ocorrem entre a sociedade e a natureza. Daí a importância de ciências como a geografia que procuram compreender os diferentes níveis de relação existentes.
De acordo com Moraes (1990 p.69), as influências que a natureza exerce sobre o homem migram com ele. E os povos que sofreram essas influências as carregam consigo a grandes distâncias. Disso se segue que ao estudar a essência de um povo não é necessário se limitar a estudar o ambiente físico que o circunda.
Além disso, a complexidade em analisar a influência das questões ambientais para o desenvolvimento dos diferentes povos está justamente em elaborar uma discussão a partir de um conjunto de fatores interdependentes e explicativos, e que se complementem. Trata-se de tentar articular conhecimentos na busca de uma ou mais respostas que possam contribuir com o debate das questões ambiental e social.
A dependência dos povos
A afirmação de que os povos vão se tornando gradativamente mais independente da natureza é errônea. Na medida em que as sociedades vão se desenvolvendo, observa-se uma dependência da natureza e de seus recursos.
Assim, considera-se que a civilização conserva uma certa independência da natureza no sentido de haver uma ligação diversificada, ampla e menos imperiosa.
Além disso, há uma certa dependência da sociedade em relação aos recursos disponíveis na natureza, porém esta mesma sociedade não pode existir sem alguns recursos existentes.
Destaca-se que a natureza existe por si mesma, não necessitando da interferência do ser humano. Nesse sentido, torna-se necessário considerar os conceitos de natureza, meio ambiente e sociedade como parte integrante do espaço geográfico.
Com isso, é possível afirmar que ao tratar sobre o desenvolvimento dos povos e suas relações com o ambiente, está se falando sobre a contribuição ou relação de uma com a outra.
Nota que enquanto pertencente ao objeto da geografia, a noção de ambiente e meio ambiente não pode ser relegada ao esquecimento por parte dos pesquisadores.
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Ótimo texto, parabéns.