Pesquisadores da área acreditam que a desindustrialização no Brasil se iniciou por volta de 1980 com a implementação de novas políticas econômicas que teriam acarretado em uma perca precoce da participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto). Isto acarretou em um retorno a um padrão internacional baseado em produtos intensivos em recursos naturais [1] , ou seja, voltamos a ser um país que exporta bens primários e importa bens industrializados.
As reformas neoliberais, iniciadas nos governos de Reagan (EUA) e Tatcher no Reino Unido em meados da década de 1970 devido à desaceleração econômica da década anterior, combinada com a financeirização, que teve sua gênese no euromercado de moedas nos anos 1960 e alterou o padrão de acumulação no final dos anos 1970 diante da elevação dos juros dos EUA tiveram como consequência a consolidação da financeirização da riqueza. Ou seja, os investimentos passaram a adquirir um caráter especulativo [2]
Em virtude do Brasil desfrutar de uma vantagem comparativa em relação ao resto do mundo em relação à produção de commodities, a pauta de exportação brasileira estaria passando por um processo de reprimarização. A consequência foi superávits na balança comercial dos produtos primários e déficits na balança comercial dos manufaturados [2]
Nassif (2008) define desindustrialização como uma mudança na estrutura interna da indústria de transformação em direção a setores intensivos em recursos naturais e trabalho. Nesta perspectiva, verifica-se uma semelhança desse conceito com o de “doença holandesa”. A “nova doença holandesa” é caracterizada pelo retorno do padrão da especialização produtiva em recursos naturais e pela reprimarização das exportações, resultante de uma combinação de políticas macroeconômicas e liberais que valorizaram a taxa de câmbio real [2]
A partir da década de 1980, teve início na América Latina a abertura comercial e a liberalização financeira através das recomendações do Consenso de Washington que pregava políticas neoliberais como forma de acelerar o crescimento econômico desses países. Assim, de acordo com essa visão, a entrada de fluxo de capitais passaria a trazer benefícios para os países em desenvolvimento [2]
Todavia, a lógica perversa descrita nesta seção, gera uma espécie de círculo vicioso na economia, de difícil saída, que tende a levar a uma especialização da produção nos bens que possui vantagens comparativas. No caso do Brasil, gerando um processo de desindustrialização e a especialização da economia em produtos de baixo valor agregado, sobretudo commodities [2]

O tiro de morte na indústria de defesa
Duas decisões diferentes – uma do Ministério da Justiça e Segurança Pública e outra do Comando do Exército Brasileiro – podem dar o tiro de misericórdia na Base Industrial de Defesa do Brasil. Em ação aparentemente coordenada, as duas instâncias oficializaram que as compras de bens para as Forças Armadas e polícias serão feitas preferencialmente nos Estados Unidos [3]
O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou que pretende instalar nos EUA uma comissão provisória com representantes do próprio Ministério, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Este escritório trabalhará em coordenação com as três comissões militares que as Forças Armadas mantêm em Washington, a saber: Comissão do Exército Brasileiro em Washington (CEBW), Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington (CABW) e Comissão Naval Brasileira em Washington (CNBW). [3]
A facilitação da compra direta de empresas sediadas nos Estados Unidos, por meio dos escritórios lá abertos pelo Brasil, está induzindo as empresas nacionais a saírem do Brasil. Sentem que, se não se desnacionalizarem, não poderão continuar vendendo a seu próprio país. [3]
Por paradoxal que possa parecer, o movimento já é uma realidade. A Taurus, fabricante de armas leves, já anunciou que sua próxima expansão industrial se dará na Flórida, e não no Rio Grande do Sul. Informações recentes publicadas na imprensa dão conta de que outras três empresas relevantes estão de mala pronta para se mudar para EUA, Uruguai e Paraguai. [3]
O problema estrutural da industrialização brasileira
O Brasil vive um problema estrutural muito série, que não tem haver com o governo, com a taxa de câmbio, taxa de juros ou imposto. tem haver com o que vai ser da industria brasileira. Não temos uma industria que concorre por preços, não temos um custo baixo de produção, não temos nem qualidade e nem grau de inovação para competir com países mais desenvolvidos como: Itália e Alemanha.
E ai começa o problema, sofremos com a concorrência de produtos importados e não conseguimos importar muito. Este é um dilema que um conjunto de políticas públicas tentaram enfrentar, porém com pouco sucesso, por que basicamente estas políticas são descontinuadas ao longo do tempo.
Houve no governo Lula uma série de mudanças imoportantes como lei da inovação, lei do bem, visando incentivar as empresas a estabelecem um grau de inovação maior. Para um conjunto de empresas estes incentivos funcionaram, mas isso precisa de continuidade.
Para dar um salto é preciso de um tempo, as inovações mais radicais demoram para surtir efeito. A estrutura produtiva brasileira é voltada para o mercado interno, mais ela é dominada por empresas multinacionais, que a grosso modo trazem para cá desenvolvimento que elas já possuem nos seus países de origem, e muitas vezes estas tecnologias já são defasadas. Depois de anos que já estão nos países desenvolvidos é que as multinacionais começam a produzir aqui.
A grosso modo a exportação industrial brasileiro é muito baixa. O Brasil exporta muito comodities primárias: minério de ferro, soja., Não exporta muitos derivados de soja. Exporta café verde, não exporta café moido ou torrado. O valor agregado, onde se ganha mais é no café moide. Há países que não plantam um pé de café e são grandes exportadores de café moido. São os países europeus.
Por que a indústria é importante para o país
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a indústria é o setor que mais cria riquezas para o Brasil. A cada R$ 1 produzido pelo setor são gerados R$ 2,40 para a economia. O poder de multiplicação da indústria é maior porque ela compra de muitos setores para fabricar seus produtos. Assim, o aumento da produção da indústria estimula a produção dos demais setores da cadeia produtiva. Conforme cálculos da CNI, dos R$ 2,40, a própria indústria gera R$1,60, o setor de serviços produz outro R$ 0,70 e a agropecuária, R$ 0,10.
Isso demonstra que é um tiro no pé para uma sociedade que deseja ter melhores condições de vida, além de mais oportunidades de emprego, querer focar somente na produção de bens primários e na agropecuária. Sabe-se que a Agropecuária é importante para o Brasil, porém este setor possui uma pequena participação no PIB, além de empregar uma quantidade de trabalhadores muito pequena se comparada com a os demais setores industriais.
A diminuição da complexidade econômica brasileira

Em 1996 o Brasil ocupava a 27 (Vigésima sétima) posição do ranking global de complexidade econômica. A China, por exemplo, estava na posição 41. Passados apenas 22 anos a China ocupa a posição 18 e o Brasil passou para a posição 49.
Graças a piora no ranking dos nossos colegas latino-americanos, o Brasil ainda permanece como o país com a maior complexidade econômica na américa latina, pois ainda conseguiu preservar alguma capacidade produtiva industrial. O mapa abaixo mostra os países mais complexos na cor azul escuro e os menos complexos na cor vermelha.

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Referências consultadas
[1] Há evidências de desindustrialização no Brasil?
[2] A desindustrialização e o capital especulativo na economia brasileira
[3] http://rib.ind.br/governo-da-tiro-de-morte-na-industria-de-defesa/