A Covid-19 no Brasil e na Coreia do Sul tomou rumos diferentes devido a uma série de particularidades entre estes dois países. Você irá ver que o Brasil poderia ter sido um exemplo, mesmo para países com elevado desenvolvimento econômico como a Coreia do Sul.
Os primeiros registros sobre doenças geralmente envolviam a influência divina. Neste caso, somente Deus poderia interceder e curar as pessoas destas doenças.
Mesmo com a influência de questões divinas, ao longo da história foram criados remédios, técnicas de tratamento, de identificação e até técnicas de mapeamento de doenças.
Atualmente, o controle de pandemias pode ser feito com o uso de tecnologias da informação, vacinas, mídia digital e controle sanitário.
O início da pandemia
No final de dezembro de 2019, ocorreram vários casos de pneumonia causada por coronavírus, pertencente a uma família de vírus comuns em diferentes animais. Os primeiros casos surgiram em Wuhan, província de Hubei, China.
O coronavírus foi oficialmente denominado de Covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde então, este vírus se espalhou rapidamente para outras partes da província de Hubei e em toda a China.
Mais tarde o vírus chegou ao continente europeu, à américa do norte e américa do sul.
Em poucos meses este vírus alcançou países de todos os continentes, chegando a vitimar cerca de quatro milhões e duzentas mil pessoas até o início de agosto de 2021.
Comparação de casos e mortes por Covid-19 no Brasil e na Coreia do Sul
No mês de abril de 2020, poucos meses depois do início da epidemia em Wuhan, China no final de 2019, já haviam sido registrados mais de 2 milhões de casos e 120 mil mortes no mundo por Covid-19.
No Brasil, até então, tinham sido registrados apenas 21 mil casos e 1.200 mortes pela doença.
Até o dia 1 de agosto de 2021 o Brasil tinha registrado cerca de 556.834 mil mortes por Covid-19 de acordo com o portal de dados Our World in Data.
Até o momento o país registrava 2620 mortes por milhão de habitante, ficando entre os 10 países com mais mortes proporcionalmente à sua população.

Mortes por Covid-19 Brasil entre março/2020 e agosto/2021. Fonte: Our World In Data, 2021.
A primeira onda de Covid-19 no Brasil ocorreu em um contexto de grande desigualdade social, ausência de saneamento básico e políticas públicas governamentais.
A segunda onda do coronavírus no Brasil foi intensificada devido o surgimento da variante brasileira, denominada P1. Essa variante é mais contagiosa, o que levou ao aumento de casos e de mortes em todos os estados brasileiros.
Mais recentemente foi registrado casos da variante Delta, originada na Índia. Trata de uma variante com alta capacidade de transmissão. Porém, até o momento não se tem registrado aumento no número de óbitos no país.
Até 1 de agosto a Coreia do Sul registrava cerca de 2.099 mortes por Covid-19 e cerca de 41 mortes por milhão de habitantes. Este país possui cerca de 51.269.183 milhões de habitantes e um PIB per capita de aproximadamente 31.637 dólares americanos em 2020.

Mortes por Covid-19 na Coreia do Sul entre março/2020 e agosto/2021. Fonte: Our World In Data, 2021.
Observa-se que a Coreia do Sul foi rápida em controlar as mortes por Covid-19 no início da pandemia, tendo um aumento nas mortes somente entre janeiro e fevereiro de 2021 devido ao relaxamento das medidas de distanciamento social. Mesmo assim, o número de mortes é inferior se comparado com o Brasil.
Características dos sistemas de saúde e políticas de prevenção adotadas pelos dois países
Quando se trata do sistema de saúde, a Coréia do Sul é caracterizada por um sistema que evoluiu constantemente nos últimos anos, obtendo a cobertura universal.
Além disso, este país possui uma das maiores expectativas de vida do mundo, mesmo tendo o governo gastado valores no sistema abaixo daqueles observados nos países pertencentes a OCDE [1]
O presidente sul-coreano Moon, em um de seus discursos, enfatizou a transparência e a democracia como um dos pilares de seu governo [2] De fato, o governo tem obtido êxito no controle da pandemia ao adotar uma comunicação constante com os cidadãos a respeito da pandemia.
Diariamente as informações sobre a Covid-19 são atualizadas nos canais de comunicação, onde o próprio diretor da KCDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) é o responsável por apresentar os dados.
O governo sul-coreano teve ampla liberdade para coletar os dados pessoais da população no cenário da Covid-19. Porém, no Brasil esta ação foi amplamente discutida e debatida devido à Lei geral de Proteção de Dados (LGPD), sendo que a indefinição da questão dificultou a utilização de dados pessoais pelo poder público para o controle da pandemia.
Na Coreia do Sul o Ministério de Saúde e Bem Estar como o KCDC teve a liberdade de coletar dados individuais da população como dados de localização, imigração, imagens de CFTVs, transações em cartões de crédito, passagens de transporte, registro de identificação pessoal, registros médicos, entre outros.
Destaca-se que a utilização de tecnologias da informação e comunicação (TIC) foi primordial para a implementação de métodos capazes de traçar o deslocamento dos cidadãos, para a construção de mapas, temporalmente e para traçar novos locais de risco para a propagação da Covid-19.
As características desta política “anti-vida” refletem em uma série de ações que visam enfraquecer importantes conquistas sociais na área da saúde nas últimas décadas, por exemplo, é possível citar a diminuição de recursos públicos para o Sistema único de Saúde (SUS).
Mesmo que a implantação do SUS seja considerado um grande avanço, a projeção para o futuro não é animadora caso o governo continue diminuindo os recursos para a saúde.
Conclusões sobre o tema
Enquanto a Coreia do Sul tinha cerca de 41 mortes por milhão de habitantes no início de agosto de 2021, o Brasil somava 2620 por milhão de habitantes.
Embora tenham características socioeconômicas distintas os dois países tinham um bom histórico de vigilância sanitária e de vacinação de sua população contra doenças.
Porém, somente a Coreia do Sul manteve esse bom histórico e com políticas de testagem e isolamento social conseguiram obter ótimos resultados de controle da pandemia.
No Brasil, os movimentos anticiência encabeçados pelo próprio governo, o atraso na compra de vacina, a diminuição dos investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), a pobreza, a ausência de propaganda alertando a população quanto aos perigos da pandemia podem ter contribuído para a ocorrência de um elevado número de mortes por Covid-19.
Referências consultadas
ARAÚJO, Jaldielle Anjos de. Cidades inteligentes e sustentáveis e doenças infecciosas: como a Coréia do Sul conseguiu controlar a pandemia da COVID-19. 2020.
CORÉIA DO SUL. The Status of CCTV Installed. Korean Statistical Information System. 2014.
Our World In Data, 2021. Coronavirus (COVID-19) Deaths. Disponível em: https://ourworldindata.org/covid-deaths