O crescente aumento dos congestionamentos, ocasionados principalmente pelos meios de transportes individuais, tem levado algumas cidades a um caos no sistema de transporte urbano. Com a popularização dos smartphones e com o advento dos aplicativos, tem surgido empresas e soluções voltadas para a mobilidade urbana, tais como: 99Taxi, Easy Taxi, Safer Taxi, Taxi beat, Vá de Taxi e Uber. Sabe-se que a mobilidade urbana não é o único componente que caracteriza uma cidade inteligente, por isso, torna-se necessário que as cidades também invistam em tecnologias voltadas para o georreferenciamento de ruas e casas, comunicação inteligente entre o setor público e as pessoas, investimento em Big Data, Internet das Coisas, entre outros.
Introdução
Ao longo dos últimos 70 anos as cidades brasileiras passaram por um intenso processo de urbanização com a saída de milhares de pessoas do campo para a cidade. Com o processo de urbanização, as cidades passaram por importantes transformações na área econômica e social. Esta transformação se revela em uma maior mobilidade, expectativa de vida, emprego e renda e mais recentemente redução na taxa de natalidade.
A cidade passou a ser o lócus de uma revolução cultural, social e tecnológica, onde recentemente surgiu o conceito de cidade inteligente como resposta para a solução de graves problemas sociais e ambientais, tais como: poluição atmosférica, sonora e ambiental; congestionamentos causados pelo aumento do poder de compra das pessoas e ineficiente dos governos em promover políticas públicas eficazes de gasto do dinheiro público.
De acordo com um relatório das Nações Unidas, a população mundial urbana já ultrapassou a rural, pois 54% dos habitantes vivem na cidade. No Brasil o percentual de pessoas que vivem nas cidades de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é cerca de 84%. E este percentual poderá aumentar nos próximos anos. Diante disto, se faz necessário estudos e pesquisas capazes de apontar soluções para a correta implementação de soluções inteligentes dentro da cidade, sempre respeitando os limites da tecnologia.
No Brasil, estados como o Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco já estão promovendo políticas públicas capazes de, em um futuro não muito distante, melhorar a vida das pessoas por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s). A correta implementação destas ações poderá tornar o espaço urbano mais funcional e agradável para as pessoas.
Antes de apontarmos as soluções que estão ajudando algumas cidades a vencerem o desafio da mobilidade urbana é preciso contextualizar como ocorreu o processo de urbanização no Brasil.
Os anos de 1950 é marcado por um período de profunda concentração econômica e populacional no Brasil, manifestada no processo da metropolização [1]. Os grandes centros urbanos cresceram verticalmente durante seu período de crescimento urbano mais acelerado e parte destes cidadãos que chegam à cidade começa a se distribuir pelos locais, em condições miseráveis e abandono do Estado. O processo de migração campo-cidade foi ocasionado pelas más condições de trabalho que se instalava no campo e pelo crescimento de oportunidades na cidade, onde a oferta de emprego e infraestrutura urbana eram os principais atrativos.
É no contexto da promoção de uma cidade melhor, que visa contornar os problemas gerados pelas ocupações desordenadas e pela falta de planejamento urbano que surge o conceito de cidade inteligente. Cidades Digitais e, recentemente, Cidades Inteligentes passou a referir todo o esforço para melhorar a gestão das cidades, facilitar o acesso das pessoas aos serviços, gerenciar o uso dos recursos e melhorar a qualidade de vida das pessoas [2].
As cidades inteligentes são cidades que utilizam TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) para melhorar o desempenho dos serviços públicos, reduzir custos e potencializar o contato entre cidadãos e governo. Com a crescente preocupação dos governos em reduzir gastos públicos, melhorar a eficiência dos serviços públicos e proporcionar melhor qualidade de vida aos cidadãos que há uma necessidade crescente do uso das tecnologias da informação para o gerenciamento das cidades, e consequentemente, para a definição e acompanhamento das políticas públicas.
Neste contexto uma Smart City será caracterizada por um espaço urbano que utiliza tecnologias da informação, onde os diversos setores públicos e empresas trabalham juntas para alcançar resultados positivos por meio da análise de dados e informações, em tempo real. Estas informações vão subsidiar a tomada de decisões em áreas como: trafego, distribuição de energia, acompanhamento de obras, transportes públicos e segurança. Estes esforços para acompanhar o desempenho dos serviços em tempo real deverão ter como principal objetivo a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Como afirmado anteriormente, o tripé de uma cidade inteligente é a capacidade de uma cidade promover mudanças com uso do Big Data, da Internet das Coisas (IoT) e da Computação em nuvem. Cabe destacar que a IoT (Internet Of Things) é o uso da tecnologia de conectividade e processamento para que objetos de uso cotidiano possam enviar, receber e processar informações formando uma rede entre si, de forma análoga ao que é a internet para os computadores [2].
O último tripé tecnológico, tão importante quanto os demais, a ser implementado em uma cidade inteligente é a computação em nuvem que é uma mescla de virtualização da computação, pois o processamento dos dados ocorre em um ambiente distante do usuário para o processamento e entrega de informações sob demanda aos usuários. A computação em nuvem surgiu da necessidade do processamento de um grande volume de dados, sem a necessidade de grandes investimentos e hardware e pessoal capacidade. Assim, o grande volume de dados gerados pela internet das coisas pode ser processado com a ajuda da computação em nuvem e entendido por meio da análise destes dados (Big data).
A computação em nuvem utiliza a tecnologia de virtualização para criar infraestruturas e compartilhar com diversos clientes, barateando os custos e oferecendo soluções de TI para suprir as necessidades de mais Hardware para empresas, sem que elas tenham que investir altas somas de dinheiro na aquisição, ambiente preparado, instalação e pessoal técnico especializado [3].
A partir desta lista é possível afirmar que uma cidade inteligente, além da existência da Internet das Coisas, Big Data e Computação em Nuvem, deverá usar de forma inteligente as informações e dados produzidos diariamente. Tanto a gestão governamental quanto a população em geral deverá ser apta e capaz de usar a tecnologia para melhorar as condições de vida na cidade. A melhora da condição de vida, se torna, com o advento das TIC’s, um dos principais desafios dessa tecnologia.
A mobilidade inteligente é uma das dimensões das cidades inteligentes, que contribui para a solução de problemas críticos para os cidadãos [4]. Os problemas de mobilidade são oriundos da falta de planejamento adequado nas cidades e do crescente poder aquisitivo das pessoas, constituindo assim, um grande desafio para as cidades em relação a promoção de ações voltadas para a melhora da qualidade de vida.
Mesmo com toda a potencialidade das cidades inteligentes de resolverem os seus problemas por meio das TIC’s é importante afirmar que a tecnologia não pode solucionar todos os problemas enfrentados por uma cidade. A crença na correlação entre sociedade interligada por redes digitais pode não levar necessariamente à melhoria da qualidade de vida nas metrópoles. Criatividade e esforços políticos devem ser empreendidos para fazer com que a qualidade de vida seja sempre o aspecto mais importante [5]
O rápido crescimento das cidades nos últimos anos, principalmente o crescimento populacional, tem pressionado por uma infraestrutura básica nas cidades, sendo neste caso incontestável a necessidade de políticas e ações voltadas para inovações no âmbito das cidades, pois estima-se que em 2050 a população mundial que vive em cidades seja de 66%, ou seja, aproximadamente 2,5 bilhões de novos habitantes urbanos.
Além do papel das cidades no mundo, outro debate antigo, principalmente nas cidades que cresceram de forma desordenada e que estão as margens do desenvolvimento tecnológico, são as soluções que estas cidades deverão tomar para melhorar a infraestrutura urbana. A implementação de uma cidade inteligente leva em consideração a adoção de novas práticas voltadas para a melhoria dos serviços e infraestrutura urbana. Como exemplo é possível citar a cidade de Porto Alegre.
Os exemplos de Porto Alegre são: criação de uma inforvia, dos programas telemedicina, wireless saúde e uma estação digital. A criação da inforvia teve como objetivo ligar, através de uma conexão segura e rápida, órgãos públicos, hospitais e setores estratégicos do governo.
Neste sentido as TIC’s, enquanto ferramenta capaz de promover mudanças substanciais nas cidades e capaz de reinventar a forma como os problemas são tratados e solucionados nas cidades, podem viabilizar a melhoria da governança na cidade, na gestão de riscos e na melhora da qualidade de vida dos cidadãos.
A proposição de cidades inteligentes também deve ser vista com certa cautela, pois as ideias devem ser cumpridas e materializadas para não ficarem no campo das proposições sem que nada saia do papel. Com isso, um dos primeiros temas a serem tratados em relação as cidades inteligentes é a infraestrutura e mobilidade urbana.
Mobilidade Urbana Inteligente
São expressivos os problemas diretamente ligados à mobilidade urbana, provenientes da valorização do automóvel e do rápido processo de urbanização ocorrido no Brasil e América Latina, principalmente a partir de 1950 [6].
Com o crescimento urbano, áreas centrais e áreas com infraestrutura passam a ser valorizadas e sofrer com a especulação imobiliária. Os preços altos fazem com que pessoas com menor poder aquisitivo procurem morar em regiões onde os imóveis possuem preços mais atraentes. Estas áreas geralmente são desprovidas de infraestrutura básica como: ruas pavimentadas, coleta de esgoto, transporte público etc. Com preços e impostos elevados próximo aos centros, a população de baixa renda passou a ocupar as periferias, causando um espalhamento da malha urbana. Esse modelo de crescimento cria cidades desiguais no que diz respeito ao acesso a infraestrutura, saneamento e transporte [7].
De acordo com um documento publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) o primeiro objetivo do governo deve ser resolver o problema da mobilidade, e continua afirmando que: não deve ser prioridade resolver os engarrafamentos. O que a cidade tem que oferecer aos cidadãos é a possibilidade de se mover rapidamente em todas as direções, o mais comodamente possível. Se houver engarrafamentos, esse é um problema secundário e menor.
O documento ainda aponta que o problema da mobilidade pode ser considerado um problema muito mais que técnico e sim político. A partir deste entendimento, resolver a questão da mobilidade do ponto de vista das cidades inteligentes, passa pelo crivo da vontade política, e onde a tecnologia se comporta como uma ferramenta de auxílio na resolução destes problemas.
O uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) também é importante para a soluções de problemas urbanos. É por meio do SIG que as ruas, órgãos públicos e casas são espacializados em ambiente digital após serem georreferenciados por coordenadas geográficas. Atualmente diversas soluções envolvendo o georreferenciamento e a localização de objetos por meio de coordenadas geográficas já são oferecidas, como o rastreamento de veículos, estudos sobre fluxo do transito e estudos sobre regiões que sofrem com algum tipo de doença endêmica.
Atualmente, aplicativos de localização como o Google maps e o Waze também usam os dados transmitidos por dispositivos moveis para estimarem a velocidade média dos carros nas ruas e indicar ao motorista as ruas que estão congestionadas ou livres de congestionamento. As informações que estes aplicativos coletam também podem ser usados por órgãos públicos para melhorar a gestão do transito urbano, planejar a construção de uma nova rua ou mudar o sentido de uma rua.
Para romper com o pensamento tradicional de uma cidade que prioriza os carros em detrimento das pessoas, é preciso voltar um pouco no tempo para entendermos como as cidades se formaram e qual foi o papel da indústria neste processo. Passamos de um planejamento “tradicional”, centralizado e voltado para as indústrias, no início do século XX, para um planejamento voltado para estratégias territoriais e inserção das cidades no mercado mundial das cidades, durante o processo de globalização [8].
Atualmente, o enfoque do planejamento urbano é na transformação das cidades em uma área criativa e sustentável, que utiliza todo o potencial das tecnologias disponíveis para planejar e tomar as melhores decisões, sempre levando em consideração a participação de seus cidadãos. Todas estas ações possuem como objetivo transformar as cidades em territórios inteligentes ou Smart Cities.
O processo de planejamento urbano deverá obedecer às características e especificidades locais, pois as soluções globais geradas por pesquisas que visam implementar e tonar cada vez mais real e funcional as cidades inteligentes, podem ser adaptadas a partir da experimentação em diversas cidades, porém, é necessário tomar cuidado, pois nem todas as soluções aplicadas a uma cidade servirá para outra, mesmo que haja características semelhantes de população ou problemas parecidos.
Além de adaptar soluções criadas em outras cidades, é preciso pensar em um planejamento de longo prazo e de maneira técnica, mesmo que esta seja uma tarefa difícil. Sem isso, não será possível propor soluções inteligentes e sustentáveis para as cidades, em especial as cidades brasileiras. Além de considerar as características e especificidades locais, o planejamento deve estar em constante processo de adaptação às dinâmicas presentes nas cidades como: mudanças de padrões urbanísticos, socioambientais e culturais. Sem considerar estas características o planejamento terá pouca efetividade além de não conseguir implementar soluções inovadoras ao longo do tempo.
A criação de uma mobilidade inteligente, numa área urbana, torna-se por vezes um processo complexo, devido ao fato de abranger uma série de parâmetros e fatores que se inter-relacionam. Mesmo diante desta complexidade busca-se propiciar, na cidade, um sistema de transporte que atenda as pessoas com o máximo de rapidez e qualidade, tornando as ruas um espaço mais livre para o uso.
Com a crescente preocupação ambiental nas cidades, que tem amplamente contribuído com a emissão de gases nocivos ao meio ambiente, como: dióxido de enxofre e dióxido de carbono, tem-se procurado soluções que diminuíam a pegada ambiental dos sistemas de transportes nas cidades. Diante do desafio de melhorar a mobilidade e ainda promover um meio ambiente de qualidade que os governos tem criado leis e projetos para incentivar e institucionalizar as políticas públicas voltadas a uma mobilidade inteligente.
Em países considerados desenvolvidos as políticas públicas de incentivo ao transporte alternativo são mais evidentes como o incentivo ao transporte público rodoviário, ferroviário, transporte não motorizado etc. Mesmo tardio, em relação a alguns países, o Brasil dá os seus primeiros passos rumo ao estabelecimento de cidades inteligentes a partir de 2012 com a Política Nacional de Mobilidade Urbana.
É evidente, que há uma priorização aos meios de transporte não motorizados e ao serviço público coletivo. Mesmo com a priorização das políticas públicas ao serviço de transporte público, não se deve esquecer que há importantes soluções sendo desenvolvidas para que haja uma redução significativa dos danos ambientais causados pelo transporte individual, como: aplicativos que permitem o condutor oferecer carona e ganhar por isso, desenvolvimento de carros elétricos e carros com tamanho reduzido voltado para as cidades.
No âmbito dos transportes públicos tem sido tomada meditas para que a população possa usufruir de um transporte cada vez melhor como: criação de corredor exclusivos para ônibus, desenvolvimento de aplicativos que permitem saber a hora exata em que um ônibus irá passar em uma parada, criação de uma rede de veículos leves sobre trilhos (VLT) que conecta o metrô, trens e ônibus.
Transportes não motorizados como bicicleta juntamente com a prática da caminhada são ações que tem sido valorizada nas cidades inteligentes. Os meios de transportes não motorizados são tão benéficos para as cidades, por que não emitem gases poluentes ou gases responsáveis pelo efeito estufa e também não criam congestionamentos ou engarrafamentos no trânsito. Mesmo diante destes benefícios, é importante considerar que algumas cidades brasileiras possuem características naturais que dificultam o incentivo de transporte não motorizado como prática diária, tais como: relevos acidentados e áreas com alto índice de insolação.
A combinação de anos de abandono nos investimentos em transporte de massa pelo governo federal e um aumento expressivo da motorização individual determinou as características observadas atualmente sobre a forma como a população se desloca nas grandes cidades brasileiras. Além de um expressivo aumento do transporte individual nos últimos anos, também houve um expressivo aumento do valor gasto com transporte público pelas famílias mais carentes [9].
O alto custo do transporte tem uma dimensão ainda mais perversa pois acaba atingindo com maior intensidade os mais pobres. Um estudo recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que, em seis anos, os gastos com transporte público subiram mais de 30% entre as famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. Entre as famílias com renda maior que oito salários mínimos, a alta não foi expressiva.
O aumento expressivo do número de transportes individuais motorizados tem sido motivo de estudos por vários pesquisadores que procuram entender e propor soluções para uma melhor mobilidade urbana. O aumento do número de veículos nas ruas e avenidas das grandes e médias cidades é um dos principais problemas para as cidades que procuram melhorar a mobilidade urbana. No gráfico abaixo é possível visualizar a taxa de motorização por automóveis nas principais regiões metropolitanas do Brasil.
Taxa de motorização por automóveis nas principais regiões metropolitanas do Brasil – 2001 a 2014 (HAB/100 autos).

Fonte: Paula e Bartelt, 2016 p.14.
O aumento da taxa de motorização por automóveis também implica em aumento dos congestionamentos e do tempo gasto pelas pessoas no trânsito. Este problema pode se intensificar com a crise de saúde pública provocada pelo Coronavírus, pois a tendência é que as pessoas priorizem o transporte individual como forma de se proteger do vírus.
Mas nem tudo é promessa, algumas cidades brasileiras como o Rio de Janeiro, tem procurado soluções para a melhoria do transporte público urbano como a implantação do Bus Rapid Transit (BRT). A maioria dos projetos que envolve a implantação de serviços de transporte coletivo nas grandes cidades é do modelo Bus Rapid Transit (BRT) e, em todos os casos, os projetos incluem a implantação de infraestrutura rodoviária, com a construção e alargamento de vias que visam dar maior capacidade e fluidez ao tráfego de veículos particulares.
Com a melhoria do sistema de transporte público, é possível que as pessoas passem a usá-lo com maior frequência este tipo de transporte. A aproximação do dinamismo econômico da cidade para as áreas mais pobres poderá levar serviços essenciais para áreas mais distantes da cidade. Isto pressupõem que o Estado deverá criar uma infraestrutura capaz de abrigar serviços públicos e privados como: escolas, postos de saúde, bancos, indústria etc.
Exemplo de mobilidades inteligentes no Brasil
Bike compartilhada
A distribuição espacial das atividades e o sistema de transportes são elementos fundamentais para a compreensão dos deslocamentos humanos. As viagens ocorrem porque existe uma separação espacial entre as pessoas e as atividades que estas desejam realizar [10]
Quando as distâncias não permitem um deslocamento a pé ou de bicicleta, as pessoas tendem a usar outros meios de transportes como: aplicativos de transporte, vans, BRT ou veículo próprio. Entre estes meios de locomoção, o veículo particular é o mais popular. Este meio de transporte se tornou popular nos últimos anos, impulsionado principalmente pelo aumento do poder de compra das famílias brasileiras e pela oferta de crédito. O crescente aumento dos congestionamentos, ocasionados principalmente pelos meios de transportes individuais, tem levado algumas cidades e empresas a promoverem meios de transportes alternativos como as bicicletas.
Cabe destacar que foi no começo do século XXI que o Brasil, almejando os benefícios provados na Europa, começou a instalar esse tipo de serviço em algumas cidades. E assim como nas cidades europeias, não havia pesquisas suficientes ou estudos adequados para medir o impacto do uso das bicicletas na mobilidade urbana. É possível citar como exemplo a cidade de Recife que recebeu uma das primeiras soluções voltadas para o uso da bicicleta, enquanto meio de locomoção. A escolha da cidade levou em consideração o seu histórico de congestionamentos, tendo um dos piores trânsitos do mundo.
As empresas privadas têm sido as principais promotoras do uso de bicicletas no meio urbano, tendo como exemplo a empresa Yellow. Esta empresa se instalou em Recife em meados de 2019. Sua atividade principal é alugar bicicletas a um preço de R$ 1,50 a cada 15 minutos. As corridas podem ser pagas com cartão de crédito ou dinheiro. Ações como estas propiciam o aumento de alternativas de locomoção e contribuem para uma melhor mobilidade dentro da cidade.
Apps de Mobilidade
O celular é talvez um dos maiores símbolos da sociedade atual e um dos dispositivos que mais tem recebido atenção da indústria da informação. Com o advento dos aplicativos, todos os dias surgem soluções voltadas para a educação, entretenimento, relacionamento, transportes e saúde.
A ampla utilização da internet móvel abre espaço para novas formas de negócio como a venda de bens e serviços. Isso representa uma grande oportunidade de negócio. As empresas que desenvolvem aplicativos voltados para a mobilidade urbana têm percebido esta ascensão na quantidade de negócios criados, tendo surgido vários aplicativos de transportes nos últimos anos [11].
O rápido avanço dessas tecnologias permitiu a criação de um fenômeno denominado de “uberização”. A empresa norte americana Uber inovou apresentando um novo modelo de negócios apoiado na tecnologia e inspirado no conceito de economia compartilhada, conectando o fornecedor de serviços diretamente com o consumidor. Os aplicativos de celular são o meio pela qual estas transações são feitas. Porém a empresa Uber não é a única a oferecer este tipo de serviço. Com o sucesso deste tipo de negócio surgiram várias empresas como: 99Taxi, Easy Taxi, Safer Taxi, Taxi beat, Vá de Taxi.
BRT (Bus Rapid Transit)
De acordo com a Revista de Estudos de BRT do Brasil, o Bus Rapid Transit – BRT (Via Livre) trata-se de uma tecnologia desenvolvida no Brasil, na cidade de Curitiba, e hoje utilizada por mais de 80 cidades em todo o mundo.
A popularidade e a ampla adesão do BRT pelos governos como política pública de mobilidade urbana deram-se pelo seu baixo custo e menor tempo de implantação quando comparado com outras modalidades de transporte urbana. Um sistema BRT, por exemplo, custa de 4 a 20 vezes menos que sistemas de veículos leves sobre trilhos e entre 10 a 100 vezes menos que um sistema de metrô” [12].
O Estado tem um papel central na implantação deste modelo de transporte nas cidades. É o estado o principal provedor de políticas públicas com capacidade para minimizar os efeitos negativos da atual situação de caos nos transportes urbanas, fornecendo soluções adequadas para minimizar estes problemas. A implantação do BRT tem sido uma das soluções acertadas que o estado tem implementado para a implementação de inovações que tornam a cidade mais inteligente.
Diante dos problemas ocasionados pela priorização do transporte particular, muitas cidades ao redor do mundo têm tomado iniciativas para a redução da quantidade de carros que circulam nas ruas. As principais iniciativas que estas cidades estão tomando é a melhora significativa do transporte público. A priorização do transporte público em detrimento do transporte particular é uma tendência entre as cidades que investem em um transporte eficiente, seguro e barato. Além do investimento em transportes alternativos são criadas barreiras para o uso do carro em algumas cidades como alternativa para desestimular o uso diário do transporte individual.
Construir um espaço urbano com uma mobilidade adequada requer que sejam construídos espaços em toda a cidade que propiciem a circulação de pessoas. Estes espaços devem ajudar as pessoas a não enfrentarem o famoso casa-trabalho-casa. Com uma infraestrutura adequada as pessoas poderão se deslocar com mais facilidade e trabalhar em locais próximos de suas casas. Isso representa um ganho enorme em termos de qualidade de vida.
[7] ANDRADE, Josiane Nascimento; GALVÃO, Diogo Cavalcanti. O conceito de smart cities aliado à mobilidade urbana. REVISTA HUM@ NAE, v. 10, n. 1, 2016.
[3] AUGUSTO, Varella Walter. Implementação e migração para computação em nuvem. Editora Senac São Paulo, 2019.
[1] CARVALHO, Carlos Henrique Ribeiro de. Desafios da mobilidade urbana no Brasil. Texto para Discussão. Brasília, 2016. Disponível em: <https://www.econstor.eu/bitstream/10419/144634/1/861075560.pdf>.
[10] CUNHA, Múcio José Teodoro da. Transporte, acessibilidade e revitalização urbana: o caso do Bairro do Recife. 2004. 129 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, PE, Brasil.
[2] FILHO, José Valentim dos Santos; COELHO, Alvaro Vinicius de Souza. Cidades Inteligentes: Desafios e Tecnologias. Revista de Tecnologia da Informação e Comunicação. Vol. 8, N° 2, Outubro, 2018.
[8] FGV. Cidades Inteligentes e Mobilidade Urbana. Outubro, 2015. N°24. Disponível em: < https://fgveurope.fgv.br/sites/fgveurope.fgv.br/files/Smart-Cities-and-Urban-Mobility.pdf>
[5] LEMOS, André. Cidades inteligentes. GVexecutivo – V 12, N 2. Jul/Dez 2013
[11] MARIANO, Ari Melo; DIAZ, Luis Felipe Alves. A importância da aceitação e uso da tecnologia em aplicativos de mobilidade urbana: contribuições da literatura científica. In: VII Congresso Brasileiro CONBREPRO. Ponta Grossa. PR-Brasil. 2017.
[9] PAULA, Marilene de. BARTELT, Dawid Danilo. Mobilidade Urbana no Brasil: Desafios e Alternativas. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2016.
[4] SILVA, André Koide da. Modelos de negócio adotados por empresas de compartilhamento de carros no contexto da mobilidade inteligente: estudos de caso múltiplos em empresas que atuam no Brasil. 2019. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
[12] SILVA, Jeckson de Andrade. VASCONCELOS E SILVA, Kátia Elaine; VIANA, Maria Elisângela Fagundes da Silva; PAULA, Josemira Aureliano. Políticas públicas e mobilidade urbana: a implementação do corredor leste oeste da cidade de Recife. Congresso Internacional de Administração, 2018. Disponível em: < https://admpg2018.com.br/anais/2018/arquivos/05232018_100525_5b056c0177f75.pdf>
[6] SARAIVA, Paola Pol; CAMARA, Inara Pagnussat; RIBEIRO, Lauro André; SILVA, Thaísa Leal. O Uso de Tecnologias como Estratégia na Construção de Cidades mais Inteligentes e Sustentáveis. Gestão & Regionalidade, v. 35, n. 105, 2019.