Mudanças climáticas nas lições de geografia

Considerando que o clima é formado por diferentes elementos e fatores integrados, determinante para a manutenção da vida na terra, este adquire relevância, visto que sua configuração pode facilitar ou dificultar o desenvolvimento das atividades humanas nas diversas regiões do globo. A geografia se constitui como uma das ciências capazes de levar aos jovens os conhecimentos necessários sobre as mudanças climáticas que estão ocorrendo em decorrência das atividades antrópicas.

A influência das atividades antrópicas sobre o clima é complexa: diz respeito aos produtos que consumimos e produzimos, formas de utilização e obtenção dos diferentes tipos de energia, padrões de moradia, se o país é rico ou pobre e, até mesmo, tem relação com as diferenças socioeconômicas entre as diferentes classes sociais.

O efeito das mudanças climáticas dispara as migrações, destrói os meios de sustento, altera as economias, debilita o desenvolvimento e exacerba as desigualdades entre as pessoas e até entre os diferentes sexos [1]

Diante deste cenário é possível afirmar que o Brasil não está imune aos feitos causados pelas mudanças globais. Estas mudanças podem desencadear impactos ambientais negativos nos ecossistemas naturais e especificamente na distribuição dos biomas e da biodiversidade na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, entre outros.

Diante disso, a influência da educação é relevante para atenuar os efeitos das mudanças climáticas em
andamento. Os exemplos desses efeitos são diversos: o aumento da temperatura média global e
do número de eventos climáticos extremos; mudança da dinâmica de chuvas do planeta
trazendo enchentes mais intensas e consequentes problemas de infraestrutura; secas mais
prolongadas com escassez de recursos hídricos em diversas regiões do planeta, [2] e derretimento das calotas polares.

Qual o papel da geografia diante das mudanças climáticas?

A pergunta que se faz é: A geografia enquanto disciplina do ensino básico está dando a devida atenção para as discussões acerca das mudanças climáticas e das questões ambientais que afetam todos os seres humanos?

A geografia não existe simplesmente para ensinar a classificar os tipos de climas e os diferentes tipos de massas de ar. É preciso que professor (a), enquanto profissional responsável por estudar a ação do homem na natureza, tenha atenção para as alterações climáticas que estão ocorrendo, em especial àquelas provocadas por atividades humanas nas diferentes escalas: global, regional e local.

A geografia é uma área que possui a vantagem de fornece um contexto único para estudar como o nosso clima está mudando e como podemos nos adaptar e mitigar possíveis soluções para estes problemas. São assuntos que todos os alunos merecem conhecer e que somente a geografia pode responder com maior abrangência.

Pesquisamos sobre os termos: mudanças climáticas e mudanças ambientais globais nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) dos ensinos fundamentais e médio no Brasil e para a nossa surpresa estes termos aparecem uma única vez no PCN do ensino fundamental e não há registro da abordagem deste assunto no PCN do ensino médio. A pouca importância dada a estes termos nos parâmetros curriculares da geografia demonstra a tratativa pouca amigável da abordagem deste assunto nesta disciplina.

A Educação Ambiental também é tratada de forma ainda tímida dentro da BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Cabe ressaltar que a BNCC em nível nacional é responsável por direcionar o conteúdo que será abordado na formação de professores e na elaboração dos materiais didáticos que serão utilizados nas escolas e nos testes educacionais. Dentro deste documento a Educação Ambiental é citada poucas vezes, sendo destaque na introdução onde é definida como prioridade das redes de ensino e das escolas e caracterizada como um conceito transversal.

Entretanto, somente essa mudança curricular não é suficiente para mudar atitudes e
comportamentos. Reitera-se que é preciso um maciço investimento na qualidade da educação,
integrando saberes científicos, ambientais e tradicionais para minimizar as mudanças climáticas,
ou seja, as ações que contribuem para minimizar as mudanças climáticas precisam estar inseridas enfaticamente dentro do processo educacional. [2]

A ideologia dificulta o ensino de questões ambientais no sistema educacional

Observa-se que há duas visões distintas sobre a finalidade da Educação Ambiental: uma de caráter crítico e outra de caráter conservador. Na visão crítica o homem é percebido como parte integrante da natureza, vista aqui como o todo, onde as partes funcionam de forma interdependente e se inter-relacionam formando um todo. Esta relação quando ocorre de forma harmônica contribui para o equilíbrio da natureza. 

A visão conservadora é prejudicial para a existência da vida humana na terra, por que esta relativiza o importante papel que a natureza tem em nossas vidas. O homem é o elo mais importante da cadeia e a natureza é algo a ser dominado e transformado para garantir as suas necessidades. Nesta visão, comum em sistemas econômicos neoliberais, os governos geralmente incentivam a exploração predatória dos recursos naturais, pois não consideram que as florestas e rios são capazes de regular o clima regional e global.

Se não quisermos nos tornar atores coadjuvante na discussão deste importante assunto para toda a sociedade, torna-se necessário a inclusão cada vez mais dos assuntos que permeia as razões que estão levando as mudanças climáticas atuais e sua posterior solução.

É importante destacar que temos um governo pouco amigável com as questões ambientais. Por isso, o papel do professor de geografia se torna ainda mais importante para toda a sociedade.

Escolha a opção mais adequada para citar este texto.

[citationic]

[1] https://www.scielo.br/pdf/rbedu/v16n46/v16n46a08.pdf

[2] http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/3950/1522

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